segunda-feira, 25 de março de 2013

QSA: Policial toma café de graça?




O aviso acima foi fotografado quando estava exposto em uma padaria aqui em São Paulo e enviado ao Jornal da Tarde, que publicou em 2006.
Antes de emitir a minha opinião sobre o que penso a respeito do chamado *QSA, quero traçar um paralelo com outras situações semelhantes e que não são recriminadas.
O cliente de um banco que faz altas movimentações financeiras goza do privilégio de não pegar fila, de ser atendido fora do horário comercial e consegue muitos outros benefícios.
Jornalistas costumam ganhar passagens aéreas e hospedagens dos clubes de futebol, para fazer a cobertura de torneios no exterior de menor expressão e que não despertaria o interesse da mídia.
As negociações geralmente costumam ser antecedidas de almoços e/ou jantares e as contas são pagas pela parte mais interessada na transação.
Enfim, têm muitos casos que eu sei, mas não estou lembrando no momento, em que existe a gentileza de um para com outro, com o interesse em algum benefício.
No caso do cafezinho que o policial toma e o comerciante não cobra também é assim. Sabidamente o dono da lanchonete, da padaria ou do restaurante faz isso porque quer garantir que sempre haja um policial por lá. Logo, com os marginais sabendo que o local é freqüentado assiduamente por policiais, diminui a possibilidade de assaltos.
Acontece que o comerciante quer garantir esse “policiamento” a um custo baixo, ou seja, na base do “pão com manteiga”. E nós sabemos que nem todo mundo quer comer o que ele está disposto a oferecer. Então um policial pede um lanche mais caro e o comerciante, que pode e deveria cobrar, não cobra. Aí vira uma bola de neve e resta ao comerciante apenas a opção de dar um basta, senão quebra.
Nunca fui muito favorável ao QSA, mas já me utilizei dele, confesso. Uma hora por insistência do comerciante, outra por estar meio duro. Mas sabia que aquele cafezinho poderia dar margem para o comerciante achar que eu devesse favor pra ele (se bem que se ele viesse cobrar isso iria ouvir poucas e boas). Então, quanto mais fui tendo consciência dessa situação, passei a apresentar o dinheiro ao caixa para ficar bem claro que a opção de não cobrar era dele e não uma necessidade minha.
Entendo que essa cultura não mudará, o que não podemos aceitar é a exposição negativa da imagem da instituição, por causa de um cafezinho.

*QSA: No código “Q” significa intensidade dos sinais de rádio, mas aqui em São Paulo também significa, na gíria, local onde se consome sem pagar.

Fonte:http://sargentolago.blogspot.com.br/2008/06/policial-toma-caf-de-graa.html

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